sexta-feira, 8 de março de 2019

Enquanto caminho...



Sabe aquele momento em você sente que precisa dizer alguma coisa, mas as palavras não saem?
Estou sentada, olhando para a tela em branco, tentando entender meu coração em mais um momento de transição da minha não tão longa vida.

Antes, na infância, meus questionamentos não eram tão profundos nem duravam uma eternidade. A doce menina de olhos verdes só sonhava em viver em um conto de fadas. Os dilemas eram simples como qual brincadeira escolher ou lanche a ser realizado.
Conforme o tempo foi passando as dúvidas, inquietações e frustrações foram ganhando espaço e se alojando ao lado da adolescência. Andavam em comboio com os hormônios. Daí eram lágrimas e reclamações até perder de vista.

Com a idade adulta, pen sei que finalmente estaria livre e que saberia exatamente o que fazer da minha vida. Pensava que aos 30 estaria estabilizada em uma carreira dos sonhos, com uma casa de novela e quem sabe já teria viajado meio mundo ao lado do meu príncipe encantado.

Pois é. Cá estou, depois de décima frustração, tentando catar os cacos e reconstruir meu castelo novamente. Pelo menos meu príncipe, ou melhor, o lindo homem real está ao meu lado, e só tenho motivos para agradecer a pessoa maravilhosa que divide a vida comigo.
Mesmo assim eu sinto que aquela menina de olhos verdes ainda puxa a barra da minha saia querendo saber como será daqui pra frente. Sempre cobrando o sucesso, as conquistas, a felicidade e plenitude da vida adulta.

Quando não se sabe o que fazer, o que podemos fazer?
Eu sinceramente esperava chegar aos 30 com certa relevância na sociedade. Esperava reconhecimento, bem-estar, autoestima acima da média, enfim, tudo em seu devido lugar em com as proporções adequadas. Será que sou a única a pensar assim? Ao mesmo tempo olho minha vida e vejo o quanto sou abençoada, e essa eterna balança de emoções me deixa exausta.

Sei que Deus me chamou para um propósito, mas o real caminho e como se dará esse desígnio me gera o mal da ansiedade. E novamente chega em minha mente cansada de pensar a seguinte questão: o que fazer enquanto estou esperando?

Davi foi ungido Rei de Israel quando era apenas um menino. Até chegar definitivamente ao trono, o que será que fez, o tal menino ruivo? Será que sua mente pensava como a minha? Será que Davi, o homem segundo o coração de Deus se sentiu um inútil? Ansioso? Frustrado?

Como é difícil o tempo de espera. Como é difícil entender o processo de crescimento. Como é difícil.
Não sei se responderei as expectativas da doce menina de olhos verdes. Não tenho castelos, não me tornei a mulher de negócios bem-sucedida e com autoestima elevada.
Não me tornei muita coisa que havia sonhado. Ainda.
 Bem, o resultado da minha vida, só o tempo dirá. Enquanto estou no processo, faço como Davi, e clamo a Deus. Conto a Ele minhas frustrações, meus anseios, e coloco em seu peito minhas lágrimas cansadas.

“Estou quase desfalecido, aguardando a tua salvação, mas na tua palavra coloquei a esperança.
Os meus olhos fraquejam de tanto esperar pela tua promessa, e pergunto: "Quando me consolarás? "
Embora eu seja como uma vasilha inútil, não me esqueço dos teus decretos.”

Salmos 119:81-83
Enquanto eu caminho... Oro. 
Sei que Ele está ouvindo.